Conclusões do Workshop “Pragas emergentes em citrinos”

No dia 30 de Março decorreu o primeiro Workshop do 2º Ciclo de Workshops AlgarOrange. Aqui, apresentamos as conclusões deste evento, bem como as estratégias que a AlgarOrange se propõe seguir.

Monitorização e controlo de pragas

  • Novas pragas, como as tripes, que abordámos no presente Workshop, afetam, não só os vários órgãos da planta, mas essencialmente o fruto; logo, afetam diretamente a produção e como tal, o seu controlo é essencial, pelo que se considera de extrema importância a troca de conhecimentos com entidades que disponham de maior experiência.
  • A prospeção dos inimigos de quarentena é essencial para podermos atuar a tempo da sua erradicação ou para restringir a sua dispersão.
  • Deverá perspetivar-se uma maior formação dos técnicos de campo, para terem conhecimentos que lhes permitam detetar novas pragas e os seus efeitos sobre as culturas.

Estratégia AlgarOrange: A AlgarOrange propõe-se a partilhar informação e a desenvolver um plano de formação para os técnicos de campo neste âmbito.

  • Nos últimos 50 anos foram assinaladas diversas pragas no Algarve, com as quais tivemos dificuldade em lidar inicialmente, mas acabámos por conseguir encontrar formas de as controlar.
  • Os desafios da citricultura são cada vez maiores ao nível do controlo fitossanitário, uma vez que temos vindo a assistir recentemente à introdução de novas pragas, sendo também uma tendência atual a redução das substâncias ativas, disponíveis no mercado, para o seu controlo.
  • As alterações climáticas, as novas pragas e a evolução no sentido da sustentabilidade, constituem um desafio enorme para o futuro. Neste âmbito, foram assinaladas como importantes, as seguintes preocupações:
    • existência de diversas ameaças de pragas que podem ser devastadoras para a citricultura algarvia e que já foram assinaladas na Europa ou noutros países da Orla Mediterrânica;
    • com o aumento dos fenómenos extremos, como as temperaturas elevadas (decorrentes das alterações climáticas), poderá haver a necessidade de fazer aplicações de produtos fitofarmacêuticos e outros, fora das horas de maior calor, durante a noite, o que necessitará de enquadramento legal;
    • o possível fim dos motores de combustão interna e a necessidade de alternativas energéticas;
    • a redução de substâncias ativas disponíveis no mercado para o controlo de pragas e doenças e o desenvolvimento de alternativas em tempo útil;
    • a revisão da diretiva do uso sustentável dos produtos fitofarmacêuticos que implicará mais restrições na aplicação ou a sua proibição;
    • a introdução do registo eletrónico do caderno de campo a curto prazo;
    • os cuidados com a preservação das abelhas, entre outros.
  • Estas situações relacionadas com a sustentabilidade não vão acontecer já em 2030, mas prolongar-se-ão por mais algumas décadas.
  • Por outro lado, temos técnicas de controlo em constante evolução, como o controlo biológico, mas que, para determinadas pragas, atualmente funciona como método de controlo secundário.
  • No controlo integrado das pragas, devemos ter em atenção, a manutenção do coberto vegetal nas entrelinhas e bordaduras dos pomares (infraestruturas ecológicas), principalmente em determinadas épocas do ano, bem como a preservação das espécies vegetais autóctones e respetivas épocas de floração, para assim, contribuirmos para fomentar as populações de auxiliares que atuam no controlo das pragas.

Estratégia AlgarOrange: A AlgarOrange vai estudar a legislação e propostas da Comissão Europeia para a redução da disponibilidade e da aplicação de produtos fitofarmacêuticos e irá dinamizar fóruns de discussão para aumentar o conhecimento nas matérias da sustentabilidade e assim, promover uma melhor adequação à citricultura algarvia, de algumas destas matérias presentes nas Diretivas Comunitárias.

  • Quanto à problemática dos pomares abandonados, dever-se-ia atuar, promovendo o arranque das plantas de acordo com a lei vigente, uma vez que os mesmos são focos ativos de inimigos das culturas, face à ausência de monitorização ou controlo das pragas nos mesmos.

Estratégia AlgarOrange: A AlgarOrange pedirá uma reunião com a DRAP para perceber o ponto de situação da construção do cadastro dos pomares do Algarve. Será também avaliado o custo da construção de uma plataforma da AlgarOrange onde tenhamos o cadastro dos associados e partilhemos informações sobre a monitorização das pragas. A sistematização e partilha desta informação será, no nosso entender, uma mais valia para o setor dos citrinos.

  • Quanto ao controlo da circulação de material vegetal, deveria haver maior rigor e restrições, para reduzir a dispersão acidental de pragas e doenças.

Estratégia AlgarOrange: A AlgarOrange pedirá uma reunião com a DRAP Algarve para perceber o que tem vindo a ser feito e quais as eventuais lacunas que existem no procedimento atual.

Partilha de conhecimento

  • Atualmente, há muito conhecimento e de fácil acesso, mas ainda é necessário estudar mais e partilharmos esse conhecimento entre todos.
  • Devemos estar atentos ao que a União Europeia está a preparar e ao que se passará em Espanha, França e Itália, principalmente, focando questões chave de uniformização de produtos fitofarmacêuticos disponíveis (substâncias ativas, doses a aplicar, etc.).

Estratégia AlgarOrange: A AlgarOrange propõe-se a partilhar informação e a dinamizar fóruns de discussão para percebermos de que forma podemos contribuir para uma melhor adequação das Diretivas Comunitárias à realidade da citricultura algarvia.